Névoa Vermelha

José Ricardo


15

MAIO

2025

Cidade

Rio de Janeiro 2061

 

O que se sabe

No final da década de 20, o planeta já estava doente. O principal sintoma foi a tonalidade dos oceanos, que se avermelharam gradativamente. A carniça de animais marinhos se acumulavam às toneladas nos litoriais. E o miasma insuportável que deles emanava, invadia gradativamente o continente. Na sequência, o miasma cada vez mais forte e denso se concretizou em uma névoa constante, atrapalhando a visão, causando de irritações cutâneas à delírios coletivos. Até hoje o nível do Névoa continua a aumentar, ainda que mais lentamente. Atualmente ele chega a 30 metros acima do nível do mar. E nós, no Rio, tivemos de sobreviver subindo os morros e ocupando os altos dos prédios.

A maioria da população sucumbiu nas últimas décadas, devido ao caos, à Névoa, à escassez e às doenças. Os morros foram privilegiados. Por já estarem ocupados, acima do nível perigoso do Névoa e com estoque considerável de armas e munições, o controle definitivo da cidade se consolidou, antes mesmo que o cadáver do estado começasse a apodrecer.

 

A Situação Hoje

Atualmente o que um dia foi a cidade do Rio de Janeiro se encontra submersa em 30 metros de uma névoa rubra, densa e maldita. Tudo praticamente aboandonado às pressas, enquanto a população se virava para se aglomerar e tentar sobreviver amontoadas nos edifícios e acidentes geográficos que despontam acima do Névoa.

Algumas chefonas dominaram enclaves, delimitados pela dificuldade de acesso e pela vizinhança. Os andares dos prédios abarrotados de pessoas, são atualmente o mais próximo do que um dia foi uma cidade. Doente, mas vibrante. Se você considerar o banheiro de um antigo escritório corporativo como sua morada, pode-se considerar abastado.

Cabos de eletricidade dos postes hoje são usados como tirolesas, para deslocar-se por cima dos prédios. Algumas estruturas treliçadas de gruas, improvisam passarelas mais eficientes. O espirito da gambiarra impregnada em algumas gênias culminou em girocópteros construídos com carcaças e motores de carros antigos, como o principal meio de transporte dos mais poderosos e de algumas gangues aéreas de motoqueiras. Além disso, o deslocamento é difícil e extremaente perigoso. Alguns urubuzais são mantidos nos prédios mais distantes. Presuntos de primeira, todos os corpos de quem não sobrevive neste inferno vermelho é levado pra lá, a fim de atrair e alimentar os urubus. Estes por sua vez, são a principal fonte de alimento da população.

 

A Névoa Vermelha

Esta condição “meterológica” trouxe diversas implicações para os sobreviventes. A névoa acumulada por toda a superfície do planeta é densa e pesada. A zona fora de perigo começa à cerca de 30 metros acima do nível do oceano. Devido à sua densidade, somente ventos mais fortes conseguem pertubá-la e lançá-la para maiores altitudes. Além disso, quanto mais profundamente imerso, maiores os perigos e consequencias de exposição.

Se expor à Névoa sem estar devidamente equipado é suicídio. Alucinações, seguidas de sangramento pelos orificios, pelos poros até a completa decomposição expontânea e acelerada, já pôde ser observada. É comum punir criminosos arremessando-os ao mar. Se voltarem, têm o direito de continuar na cidade. Até hoje apenas três voltaram, com o recorde de permânencia de 15 minutos. A Angelical cuida dele até hoje.

A paisagem mental da população crê em justificativas superticiosas para a existência da Névoa. Uns dizem que o sangue derramado na cidade por toda a sua história, se acumulou, juntou forças e decidiu voltar para se vingar. Outros dizem que o próprio tecido que separa a Tempestade Mental, se rompeu, e ela está invadido de vez o mundo material.

 

A Chefona

A cidade é controlada de forma relativamente estável, mas às duras penas pela Chefona já há alguns anos. É considerado cidade, as porções elevadas de terra entre a Pedra do Maroca até o Pão de Açúcar, e conectadas à elas pelos topos dos edifícios, do Morro da Viúva até a Candelária, no centro. As demais localidades são consideradas externas e não estão sob o controle da Chefona.

Recentemente as coisas começam a sair do controle: epidemia da Gripe Vermelha, as tentativas de invasão da Redentora (Charlatã), os boatos sobre o Povo de Baixo e a chegada do misterioso porta-aviões, que à deriva no oceano sob a névoa sabe-se lá por quanto tempo, encalhou entre as praias do Leblon e Ipanema. Pra completar, a população está cada vez mais dependente da Carioquinha, droga fabricada pela Viúva (Maestrina D’/Artista) sabe-se lá com quais ingredientes. Para ajudá-la, a Chefona conta com a diplomacia da Angelical, e a postura firme da Foderosa/Motoqueira. Mas até estas parecem estar começando a agir de forma cada vez mais estranha.

 

A Chegada da Redentora

Recentemente, chegando pelo continente a Charlatã e seus seguidores tomaram o controle do Corcovado. Com a escrutinação privilegiada de todo o domínio da Chefona, a Charlatã finalmente encontrou a Prometida Cidade Maravilhosa. Derivando sozinha pelo continente, ela teve um encontro com o Urubu-Rei, uma entidade da Tempestade Psíquica, que lhe entregou a tarefa de remodelar o mundo, convertendo os sobreviventes do planeta à sua causa. A visão do Urubu-Rei lhe disse exatemente qual caminho seguir e o que iria encontrar. Sua nova morada, e base para expandir sua palavra ao mundo se daria dentro do gigante de braços abertos, que vigia a cidade da salvação com olhos que nunca piscam.

A Chefona parece não gostar da sua chegada, mas a Charlatã não se importa. Urubu-rei há tempos vem sedimento o espaço para sua chegada, em meio à população.

 

O Porta Aviões

Há alguns meses atrás, antes da chegada da Redentora, a cidade acordou com o estrondo de toneladas de metal se partindo e retorcendo, um grunhido gargantual de algum deus abissal, vindo da praia de Ipanema. Das localidades mais altas, foi possível enxergar a ponta de um porta-aviões despontando acima da Névoa. Desde então as coisas têm ficado cada vez mais estrahas...

 

Outros detalhes a se considerar

Tempestade de Sangue: Quando uma forte ventania consegue chacoalhar e subir o nível da Névoa, instaurando o caos na população.

Carioquinha: Droga desenvolvida com algum ingrediente secreto da Cidade Abaixo. Produzida pela Maestrina D’. Altamente viciante, uma vez que inibe os sintomas da Gripe Vermelha.

Gripe Vermelha: Doença que vem se espalhando gradativamente na cidade. Especula-se que a origem seja a carne de urubu, principal fonte de alimento da cidade.

Escafandristas: Corajosos (ou insanos) sucateiros que descem à Cidade Abaixo para vasculhar objetos e equipamentos valiosos. Geralmente usam escafandros improvisados apenas com máscaras conectadas à uma mangueira. Equipamento de mergulho com máscara e tanque de oxigênio é mais seguro, mas poucos tem esse luxo.

Girocóptero: Meio de transporte mais eficiente (mas arriscado), construído de forma genial e improvisada à partir de sucata de veículos abandonados. A Gangue do Furacão é composta por pilotos de Girocópteros.

Urubuzal: Região do centro da cidade onde são criados urubus, com os restos dos mortos na cidade. Comandado pela família do Carniça.

O Povo de Baixo: Alguns escafadristas têm relatado encontros com pessoas (ou criaturas) que parecem sobreviver às condições da Névoa e habitar os escombros da Cidade Abaixo.

 

As Figuras

  • Redentora: Charlatã recém chegada, vinda do continente, tomando controle do Corcovado e se proclamando salvadora da cidade.
  • Redentos: Seguidores da Redentora.
  • Urubu-Rei: criatura psíquica vinculada à Redentora, testemunhada por uma parcela cada vez maior da população quando com a mente aberta para a tempestade psíquica.
  • Carniça: Patriarca da Família do Urubuzal.
  • Carniceiros: A Gangue/Famíla de Carniça
  • Viúva: Maestrina D’/Artista do Morro da Viúva. Controla a produção de Carioquinha.
  • Sinistro & Bizarro: gêmeos, lideres dos escafandristas
  • Furacão: Foderosa/Motoqueira, lider da Gangue Furacão e executora da Chefona.
  • Gangue Furacão: Fofão, Popeye, Mickey, Capitão e Palhacinho. Todos possuem seus girocópteros particulares.

As Quebradas

  1. Corcovado: Assentamento da Charlatã. Ela e seus seguidores utilizam a estrutura da estátua como comuna. Dali se pode contemplar toda a paisagem da cidade, coberta pela Névoa vermelha que se extende para além do horizonte oceânico.
  2. Candelária: Morada e base do assentamento de Carniça. Os corpos da cidade são trazidos para o topo dos prédios no centro, a fim de sustentar o urubuzal, principal fonte de alimento.
  3. Forte do Vigia: Refúgio particular da Chefona.
  4. Pão de Açúcar: Refúgio particular da Gangue Furacão.
  5. Morro da Viúva: Morada da Maestrina D’/ Artista. Local de diversão, prazeres e expiação. Onde a Carioquinha é produzida. O topo dos prédios ao redor é habitado por uma população mais hedonista.
  6. Estreito do Humaitá: Formação geográfica estratégica que separa os domínios da chefona do resto do continente. Principal fonte de confronto
    com os avanços dos Redentos.
  7. Porta-aviões de Ipanema: Local onde o porta-aviões encalhou.
Mapa Rio de Janeiro 2061